Quando vejo um livro policial numa prateleira, numa montra ou em qualquer outro tipo de escaparate, a primeira impressão apelativa é a capa. Normalmente, considera-se que havendo uma pistola ou uma faca, uma mancha de sangue e um cadáver, o género da literatura está identificado. Nem sempre é assim, nem sempre a iconografia policial deve ser assim.
No entanto, hoje trago aqui uma capa que me impressionou bastante, pois é da autoria de Mestre Lima de Freitas (1927-1998), pintor, ilustrador, ceramista e escritor. Trata-se do nº 152 da Colecção Vampiro - "O Homem Sombra" (no original "The Thin Man") - que tem os elementos atrás referidos: um cadável (para impressionar mais, feminino e com sangue) e, na sombra, o "presumível" (é assim que se obriga a dizer) assassino, com a arma na mão. O negro da personagem, a meio corpo e de costas, encontra e dilui-se no negro das tarjas da chancela e da identificação da colecção. O título e o nome do autor, trabalhados pelo Mestre, inserem-se no corpo do "presumível" assassino, com duas cores predominantes, para a lém do negro sobre o branco: o vermelho e o azul.
Podemos comparar esta capa com outras edições. Para mim, a de Lima de Freitas, é a melhor.
Caríssimo Santos Costa,
ResponderEliminarEstou inteiramente de acordo consigo quanto à excelência da capa da Vampiro, obra do engenho de Mestre Lima de Freitas. Mas não me desagrada, pela sua impressiva simplicidade, a da colecção Escaravelho de Ouro, que também publicou obras notáveis, embora não me lembre agora do nome do seu autor.
As outras, sinceramente, parecem-me vulgares. ainda que a última nos remeta para os filmes da série "The Thin Man", com William Powell e Myrna Loy, e o "actor" canino Skippy. Há alguns anos pude rever essa série na RTP-2.
Um grande abraço do
Jorge Magalhães
De facto, Amigo Jorge, a da Escaravelho de Ouro (assim como outras desta colecção, da Édipo), também é uma ilustração com significado, conseguindo-o com uma bicromia e uma simplicidade fantástica - diria actual -, o que revela grande criatividade nesse tempo. O título desta colecção leva-nos até uma obra de Edgar Allan Poe - que o meu Amigo referiu ainda há pouco tempo no seu blogue -, criada para competir com a Vampiro (da Livros do Brasil) e a Xis (da Minerva)), há mais de seis décadas.
ResponderEliminarInfelizmente, a Escaravelho de Ouro publicou apenas 40 títulos nos seus escassos cinco anos de existência.
A capa que reproduzi, relativa à obra de Dashiel(l) Hammett, é da autoria de Daniel Silva.
Uma vez que não pedi autorização para reproduzir um execelente artigo de O Público, da autoria de Luís Miguel Queirós, não ouso sequer copiar e colar, total ou parcialmente, esse trabalho, mas deixo ao meu Amigo Jorge a ligação à peça, que é: http://www.publico.pt/cultura/noticia/crimes-de-bolso--60-anos-depois-das-coleccoes-policiais-escaravelho-de-ouro-e-xis-1455684
Vale a pena ler.
Um abraço
Santos Costa
Caríssimo Amigo Santos Costa,
ResponderEliminarObrigado pela resposta e pelas informações. Também acho que a "Escaravelho de Ouro" foi uma das boas colecções policiais publicadas em Portugal, embora não tivesse conseguido fazer concorrência à Xis e à Vampiro.
Quanto ao artigo do Luís Miguel Queirós já o li, há algum tempo, graças ao Carlos Rico, que me enviou o respectivo link. E até o imprimi, para o reler mais à vontade. Só é pena que não esteja melhor ilustrado...
Um abraço do
Jorge Magalhães